Primeiro dia por aqui. Preciso ir ao mercado, comprar aquelas coisas basicas pra sobrevivencia inicial do bom marujo (leia-se pao, manteiga, miojo e papel higienico)
No caminho achei um salao de cabelereiro vazio e aberto. Ja tava devendo uma aparada na juba fazia mais de um mes. E os pensamentos vieram:
-"Cara, que que voce vai inventar de cortar seu cabelo no primeiro dia, sem saber dos esquemas?"
-"Assim que a gente conhece os esquemas, tentando porra" respondeu minha consciencia meio impaciente.
Olhei, sorri, entrei. Moco parecia simpatico. Perguntei o preco. Ele me disse 30 rupias. Perguntei de novo, achei que nao tinha entendido direito, ele respondeu 30 rupias.
Naquela conversao rapida na minha cabeca, 30 rupias eram entre 35 e 40 centavos de euro. Nao acreditei no preco, mas nao tinha volta. Quando vi, o cara ja tava pondo a capa em mim.
Uma borrifada de agua pra ca, um corte meio torto pra la, uma assistida na TV, enfim .... nao podia esperar muito mais que isso, ja estava conformado.
O cara olhou pra mim, o cabelo tava ateh que legal, aquele corte padrao "abaixa 2cm ai tio, purfavo". Mas atras, no "pezinho" tava a mesma merda.
Falei pra ele fazer o pezinho. Ele entendeu. Abriu uma gaveta, pegou uma gilete. Apontou e dizeu :O)
- 10 rupias a mais.
Ou seja, quer o pezinho feito com gilete? 10 rupias a mais. E pensei no alto da minha avareza:
-"30 pelo corte, 10 soh pelo pezinho? Mais nem fudendo que faco isso com gilete"
- Nada de gilete, manda a navalha.
E la foi o homem, pegando aquele artefato medieval de cortar cabelo, aquela navalha mais velha que a India. Respirei fundo, fechei o olho e fiz um esforco colossal pra nao mexer nem um centimetro a cabeca. Sabia que corria um risco serio.
No fim, deu certo, fico prontim :O)
Dei uma nota de 50 rupias pro cara.
Olhei pra cara dele com aquela cara de
"Voce vai ter coragem de me dar troco?"
O moco tirou umas notas surradas do bolso, me deu os 20 de troco com a cara mais honesta e digna que eu vi na vida.
Foi se. Cortei o cabelo por 40 centavos.
E tomei uma licao de dignidade.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
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